Hoje em dia temos assistido a uma expansão do Yoga e dos vários sítios onde este pode ser praticado. Principalmente nas grandes cidades, há cada vez mais centros e espaços que podem proporcionar as mais variadas aulas de Yoga. Se, por um lado, esta expansão é positiva porque permite às pessoas terem uma maior variedade de escolha e maior facilidade em encontrar sítios e horários convenientes, além de permitir que esta seja uma prática acessível a um número cada vez maior de pessoas (com todos os benefícios que isso acarreta); por outro lado, também é verdade que, com esta recente proliferação de escolas e espaços de Yoga, alguns terão com certeza mais qualidade do que outros.
Sabemos que nem sempre é fácil, para quem não sabe muito acerca desta prática, fazer uma escolha informada e segura do seu local de prática, por isso resolvemos deixar aqui alguns conselhos, que julgamos serem úteis, para facilitar essa tarefa.
Há vários tipos de Yoga diferentes e algumas escolas têm mesmo características muito diferentes umas das outras. Por isso não vamos aqui referir-nos a nenhum tipo de Yoga específico, já que este deve ser escolhido em função dos gostos e inclinações de cada um, mas sim a um conjunto de características que, a nosso ver, devem estar presentes em todas as escolas ou espaços que se dedicam a esta prática.
Em primeiro lugar a formação do professor é muito importante. Este deve ser uma pessoa com bons conhecimentos de Yoga, mas não apenas da história do Yoga ou dos seus aspectos mais filosóficos. É essencial que exista, por parte dos professores, um bom conhecimento de anatomia e fisiologia aplicada ao Yoga, nomeadamente ao asana (as posições do Yoga). Pelos padrões da Yoga Alliance, uma importante associação que reconhece e certifica cursos de formação de professores de yoga, nos E.U.A., é essencial que o professor tenha uma formação mínima de 30 horas de anatomia.
Este conhecimento é fundamental para que o professor saiba conduzir as aulas de forma a não prejudicar fisicamente os seus alunos, já que muitos dos exercícios, quando feitos sem este conhecimento e cuidado, podem mesmo prejudicar seriamente a pessoa.
Outro aspecto fundamental é o respeito que o professor deve ter pela pessoa e pelo corpo do aluno.
O respeito pelo corpo passa pelo cuidado na adaptação das posições e de todos os exercícios, sabendo que todos temos corpos diferentes e que há determinados limites que não devem ser ultrapassados. Em muitas escolas de Yoga, contrariamente ao que deveria ensinar esta prática, cultiva-se uma atitude quase de culto perante o corpo e, muitas vezes, as pessoas sentem-se impelidas a atingir determinados objectivos, com posições quase de contorcionismo que, na verdade não trazem qualquer benefício ao organismo e que, muitas vezes, são motivadas apenas por questões estéticas.
O respeito pela pessoa implica que o professor saiba que não tem o direito de querer influenciar ou modificar a vida, o comportamento ou as crenças de cada um. Em algumas escolas este respeito não existe na medida em que os professores exigem que a pessoa, logo desde o ínicio, respeite determinadas regras que acabam por limitar a liberdade individual de cada um. Em alguns casos isto passa pela venda de alguns livros, que se diz que a pessoa tem de comprar e de ler para frequentar aquelas aulas. Em outros passa pela imposição, por exemplo, de uma dieta vegetariana que se diz que a pessoa deverá adoptar para frequentar aquele espaço. Se, muitas vezes, isto se faz directamente logo no primeiro contacto com a pessoa, o pior é que, outras vezes, tudo isto vai acontecendo de forma gradual e mais subtil, sem que a pessoa se aperceba conscientemente das imposições que vão sendo feitas, sempre com a “melhor das intenções”.
Algumas escolas procuram dar uma certa aparência de liberdade e funcionamento democrático, mas acabam por funcionar como verdadeiras seitas. O Yoga é uma prática que sempre esteve ligada à vivência da espiritualidade e é também uma prática que pode exercer efeitos muito profundos na vida e na personalidade da pessoa. Por isso muitos professores, ou escolas, acabam por se aproveitar do efeito intenso que esta prática pode ter nas pessoas, como forma de as controlarem.
Em algumas escolas, infelizmente, confunde-se o yoga com a pessoa que o ensina e passa a haver um verdadeiro culto da personalidade que é imposto aos alunos por parte dos professores. Se pensarmos que algumas das pessoas que procuram o Yoga o fazem justamente porque têm alguma fragilidade que querem ver resolvida (como ansiedade, incapacidade de relaxar, depressão, etc), então estas serão pessoas num estado de vulnerabilidade de que facilmente estas escolas se poderão aproveitar.
Desconfie sempre de escolas onde querem impôr-lhe algo, onde lhe dizem que precisa de mudar, que a sua vida não está a ser vivida de forma correcta. Mesmo que isto aconteça de forma subtil.
Desconfie de escolas onde lhe pedem quantias absurdas de dinheiro, para férias ou fins de semana que, supostamente, mudarão a sua vida.
Desconfie de escolas onde não é possível experimentar uma aula, ou onde lhe pareça que há sempre informações escondidas. Como a forma como vivenciamos o Yoga é bastante subjectiva, como há tantas escolas diferentes e, como o próprio espaço em que se pratica tem uma grande influência, é importante poder experimentar uma aula para sabermos se aquela escola ou professor será adequado para nós.
Desconfie também de escolas em que tudo é demasiado rígido. O Yoga é um caminho de liberdade e descontracção. A disciplina é importante e essencial, mas deve partir do próprio e não pode ser imposta. As escolas que exigem demasiado dos seus praticantes, impondo demasiadas regras revelam que não são capazes de se adaptar às diferentes maneiras de ser de cada um e, uma grande inflexibilidade só revela desconhecimento e insegurança.
Por vezes estas regras abrangem até as roupas que se usam para praticar. Ao impôr aos alunos códigos de cor e normas para o que vestir, para além de lhes limitar a sua liberdade pessoal, estamos apenas a normalizar e a estabelecer hierarquias, quando as cores distiguem os vários graus de professores e alunos. Isto é apenas mais uma forma de constranger e controlar as pessoas, totalmente contrária aqueles que deveriam ser os propósitos do Yoga.
Desconfie também de escolas onde há um mestre omnipresente, a quem a pessoa tem que prestar homenagem quer queira quer não. Na Índia um Guru é apenas alguém que sabe algo e que o ensina (e que por isso deve ser respeitado) mas, em algumas escolas de Portugal, existe um guru que é visto quase como um ser especial, que está acima dos comuns mortais e a quem todos os outros têm de prestar vassalagem.
Desconfie sempre de escolas que assumem uma postura de autoridade defendendo com demasiada veemência as suas competências, afirmando sempre que estão acima de todos os outros.
Desconfie sempre de escolas que se dizem as melhores e, pior ainda, as únicas capazes e competentes. As pessoas que são verdadeiramente competentes transmitem-no naturalmente, sem terem que chamar constantemente a atenção para isso.
1 comentário:
necessario verificar:)
Enviar um comentário