A yogaterapia é uma terapia alternativa que tem ainda pouca expressão em Portugal mas que, em países como os E.U.A. Inglaterra ou Índia, tem conhecido um grande desenvolvimento. Este traduz-se quer pelo reconhecimento do público, quer pelo número cada vez maior de profissionais envolvidos em pesquisas que comprovam os efeitos benéficos desta no tratamento de vários problemas de saúde.
Esta é uma terapia onde se aplicam técnicas do yoga com a finalidade de tratar ou de complementar o tratamento de várias condições. As que têm sido mais estudadas e que, geralmente, respondem melhor à yogaterapia incluem problemas respiratórios (como asma, bronquite, enfisemas pulmonares), dores de costas, hipertensão arterial, todas as perturbações relacionadas com a ansiedade e depressão.
Em países como Inglaterra, por exemplo, a yogaterapia chega mesmo a ser aplicada com resultados positivos nos estágios iniciais de doenças graves como o cancro ou a doença de Parkinson.
As técnicas mais vulgarmente usadas em yogaterapia são: o asana – posições que influenciam directamente os órgãos, as glândulas e o sistema nervoso, mas que podem ter também uma importante influência sobre os estados mentais; o pranayama- exercícios respiratórios, que exercem uma influência ao nível do sistema nervoso e das emoções, e o relaxamento e a meditação, que têm um papel importante no combate ao stress e à ansiedade e que podem também ajudar a criar estados de espírito mais optimistas e propícios à cura.
Um dos aspectos que distingue a yogaterapia de outras terapias mais convencionais e que a torna um meio adequado para o tratamento tanto de perturbações físicas como mentais, é a visão holística que tem do ser humano. A palavra Yoga, do sânscrito, significa literalmente unir, e a prática do yoga é muitas vezes encarada como uma forma de unir a mente ao corpo. Em yogaterapia, temos noção que não podemos tratar só o corpo ou a mente da pessoa. Ao tratar, por exemplo, uma dor de costas, poderemos usar vários asanas que ajudem a aliviar a dor e até mesmo a corrigir as suas causas, mas não podemos ignorar os factores psicológicos que a dor terá com certeza influenciado ou que, muitas vezes, podem mesmo tê-la causado.
Hoje em dia há cada vez mais certezas em relação à forma como a mente influencia o corpo e vice-versa. Sabe-se que a esperança que a pessoa tem de se curar e a capacidade que tem de direccionar todos os seus recursos internos para essa cura são essenciais para o bom andamento do processo terapêutico. Mesmo quando usamos fármacos, há já muitos estudos que nos dizem que estes não têm tanto efeito se a pessoa não acredita neles ou no médico que os receitou; outros estudos mostram ainda que tomar um comprimido formulado para curar determinada perturbação, por vezes, pode ter exactamente o mesmo efeito, do que tomar um placebo em que a pessoa acredita.
Há, hoje dia, cada vez mais pessoas que procuram o yoga como forma de tratar alguns problemas de saúde. Mas, se é verdade que os benefícios desta prática podem ser colhidos pela prática regular em aulas de grupo, também é verdade que esta nem sempre é acessível às pessoas que sofrem de problemas mais marcados de saúde; embora os praticantes de yoga, ao contrário do que muitas vezes se crê, não tenham que ser pessoas flexíveis e ágeis e, apesar de muitas vezes os exercícios mais eficazes no yoga serem justamente os mais simples e não os mais espectaculares e impressionantes que tantas vezes são divulgados. Ainda assim, para pessoas com uma saúde muito débil, ou com vários problemas em simultâneo, por vezes as técnicas têm que ser bastante adaptadas e este é um trabalho que nem sempre é possível fazer dentro de uma aula de grupo, apesar de nestas também ser muito importante ter em conta que a prática deve ser sempre adaptada ao indivíduo e nunca o indivíduo à prática.
Temos também consciência de que todos somos diferentes e que, por isso, o que faz bem a algumas pessoas não será necessariamente o melhor para outras. Por isso, em yogaterapia, todo o trabalho é feito individualmente (ou em grupos muito pequenos em que todos os participantes apresentem um problema de saúde comum) de forma a que as sessões sejam personalizadas e direccionadas para a resolução de uma problemática específica, usando as técnicas que forem mais relevantes para cada caso e para cada pessoa.
Outro aspecto que importante da yogaterapia, é a responsabilização da pessoa pelo seu próprio processo de cura. Por isso é importante que a pessoa perceba correctamente os exercícios que são feitos em cada sessão, bem como a sua utilidade, para que possa em casa, diariamente, pô-los em prática. Esta prática regular (ainda que possa não ocupar mais de 10, 15 minutos por dia) é essencial para que se obtenham todos os benefícios terapêuticos, mas tem também o mérito de devolver à pessoa a capacidade de aprender a estar bem e a segurança de saber que tem ao seu dispôr um conjunto de exercícios que poderão devolver-lhe qualidade de vida e contribuir para uma existência mais saudável e preenchida por momentos de bem-estar.
Laura Sanches e Jorge Ferreira
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